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Já no Brasil, dados da Abrema (Associação Brasileira de Resíduo e Meio Ambiente) mostraram que em 2022 foram destinados 33,3 milhões de toneladas de lixo de forma incorreta. Os números assustam, mas muito pode ser feito.
As recentes catástrofes ambientais em todo mundo já acenderam o alerta de que é preciso agir o quanto antes para evitar a piora deste cenário. E um dos caminhos para isso é a adoção de medidas de prevenção e gestão de resíduos, o que, inclusive, é citado no GWMO 2024 como uma orientação para empresas, governos e população em geral.
Neste artigo, aprofunde seus conhecimentos sobre a gestão de resíduos e entenda os principais desafios e oportunidades deste modelo, que ultrapassam a questão ambiental e impactam também na economia.
O que é a gestão de resíduos e como são classificados?
De forma simples e objetiva, podemos dizer que a gestão de resíduos é um conjunto de práticas adotadas para lidar com resíduos gerados. Esse processo vai desde a produção do resíduo, passando pela coleta, destinação, tratamento e descarte ou reaproveitamento.
Ao falar sobre gestão de resíduos, devemos incluir a redução da geração de lixo, o reaproveitamento de materiais, reciclagem e destinação correta com o intuito de minimizar impactos ambientais e também atender às exigências legais.
Ao tratarmos a gestão de resíduos em um contexto industrial e empresarial, a estratégia se amplia para além da questão ambiental. Isso acontece pois esse processo também influencia diretamente na redução de custos, melhoria da marca e até mesmo na geração de novas oportunidades de produtos e negócios, como a economia circular.
No contexto empresarial, a gestão de resíduos é uma estratégia não só para proteger o meio ambiente, mas também para reduzir custos, melhorar a imagem da marca e até gerar novas oportunidades de negócios, como a economia circular.
Classificação de resíduos: passo fundamental para a gestão
Etapa essencial para a gestão de resíduos sólidos, a classificação dos resíduos é o que garante a destinação correta desses materiais e a proteção ao meio ambiente e à saúde. No Brasil, a classificação dos resíduos é regulamentada pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que define critérios conforme a origem e a periculosidade dos resíduos.
Os resíduos podem ser classificados quanto à sua origem:
- domiciliares,
- industriais,
- comerciais,
- de serviços de saúde, entre outros.
Quanto à periculosidade, são classificados em:
- Classe I – Perigosos: apresentam características como toxicidade, inflamabilidade, reatividade ou patogenicidade, exigindo destinação especializada.
- Classe II – Não Perigosos: subdivididos em inertes (que não sofrem transformações) e não inertes (biodegradáveis ou solúveis).
A classificação de resíduos no Brasil é vital para a sustentabilidade, proporcionando benefícios ambientais, econômicos e sociais. Ao seguir as normas e adotar práticas conscientes, empresas e comunidades contribuem para um futuro mais limpo e sustentável.
Principais práticas de gestão de resíduos
O princípio da gestão de resíduos está na diminuição dos impactos ambientais causados pela geração desses materiais. Dessa forma, as práticas dessa gestão devem envolver, principalmente, estratégias de redução e destinação correta. Entre as principais práticas de gestão de resíduos estão:
1. Redução da fonte: estratégias para minimizar a geração de resíduos
A redução na fonte está relacionada à adoção de práticas, aperfeiçoamento de processos e controle de qualidade que minimizem a geração de resíduos logo no início da cadeia produtiva. Isso inclui o uso eficiente de matérias-primas, a escolha de processos menos poluentes e o design sustentável de produtos.
Um exemplo disso é o reaproveitamento de subprodutos em cadeias produtivas, como no caso do setor agroindustrial, o que minimiza a necessidade de descartes.
2. Reuso e reciclagem: técnicas para maximizar a reutilização de materiais
A reutilização envolve o reaproveitamento de materiais e recursos descartados para novas funções, sem passar por processos de transformação complexos. Essa prática aumenta a vida útil dos materiais, reduzindo a demanda por novos recursos.
Um exemplo são os resíduos orgânicos gerados em agroindústrias, que podem ser reaproveitados para a produção de biofertilizantes, retornando ao solo como nutrientes e fechando o ciclo da economia circular.
Já a reciclagem transforma resíduos descartados em novos produtos, reduzindo o volume de materiais enviados para aterros e a necessidade de extrair matéria-prima virgem. Essa prática é essencial para materiais como papel, plástico, vidro e metais e pode ser incentivada em ambientes domésticos e corporativos.
3. Compostagem: métodos para tratar resíduos orgânicos.
A compostagem é um processo sustentável que transforma resíduos orgânicos em fertilizantes naturais, substituindo produtos químicos na agricultura e hortas. A prática utiliza resíduos de origens industriais, urbanas ou agropecuárias, como lodo de ETE, dejetos de animais e restos de alimentos.
Esse processo auxilia na redução da extração de recursos naturais, na diminuição do lixo em aterros e, consequentemente, limita a emissão de gases de efeito estufa. Além disso, a compostagem melhora a qualidade do solo, gera empregos, renda e promove a economia circular.
4. Logística reversa: destinação correta e segura de resíduos
A logística reversa é uma estratégia essencial para lidar com resíduos sólidos e minimizar impactos ambientais, definida pela PNRS como ações para coletar, reaproveitar ou destinar resíduos de forma ambientalmente correta. A prática foca em produtos como pilhas, baterias, pneus e embalagens de agrotóxicos.
Essa prática contribui diretamente para a redução do descarte inadequado de resíduos, para a redução de custos com matéria-prima, além de promover o consumo responsável.
Conheça algumas tecnologias inovadoras para a gestão de resíduos
A gestão de resíduos tem evoluído rapidamente com a integração de tecnologias inovadoras, que tornam os processos mais eficientes, sustentáveis e alinhados às práticas da economia circular. Conheça algumas soluções que têm se destacado nesse cenário:
Biodigestores anaeróbicos
O biodigestor anaeróbico é um equipamento utilizado para converter e acelerar a decomposição de resíduos orgânicos em biogás (como biometano) e biofertilizantes, através da ausência de oxigênio. Além de gerar energia renovável, essa tecnologia auxilia na redução de emissões de gases de efeito estufa.
IoT e sensores de resíduos
A internet das coisas (IoT), adaptada a sensores instalados em lixeiras e contêineres, permite o monitoramento em tempo real do volume de resíduos. A tecnologia possibilita a otimização de rotas, a redução dos gastos operacionais, além de detectar resíduos específicos, o que facilita a separação e reciclagem.
Big data
A adoção do big data tem possibilitado que as empresas analisem grandes volumes de dados e identifiquem padrões para prever tendências relacionadas a geração, descarte e reciclagem de resíduos.
Fundamental para a tomada de decisões estratégicas, o uso do big data permite que as empresas tenham um planejamento mais eficiente e consiga implementar soluções preventivas.
Inteligência artificial
Assim como o big data, a inteligência artificial tem sido utilizada para auxiliar na tomada de decisões. Aplicada, principalmente, na melhoria da triagem de resíduos, a IA, combinada a determinados sistemas, ajuda na identificação e separação de materiais recicláveis. Um processo que se torna mais ágil e preciso quando comparado a métodos tradicionais.
É importante ressaltar que as inovações tecnológicas não apenas melhoram a eficiência da gestão de resíduos, mas também fomentam práticas mais sustentáveis, contribuindo para a mitigação de impactos ambientais e a transição para uma economia de baixo carbono.
Como a legislação e as políticas públicas impactam esse processo?
Instituída em 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) se mantém atual e possui um papel importante no avanço do Brasil em relação à busca por soluções ambientais, sociais e econômicas decorrentes da gestão de resíduos. Além disso, demais políticas públicas vigentes auxiliam no controle e garantia de boas práticas relacionadas a esse processo.
Entre os principais impactos da legislação e políticas públicas brasileiras em relação a gestão de resíduos estão:
Adequação de normas e requisitos ambientais
Um dos pontos de destaque da PNRS é o estabelecimento de responsabilidades aos geradores de resíduos, assim como a determinação de metas de redução, reciclagem e tratamento de resíduos.
Dessa forma, empresas e governo são obrigados a adotarem práticas mais responsáveis, como por exemplo, a segregação adequada dos resíduos e a implementação de sistemas de reciclagem e compostagem.
Políticas públicas de apoio à economia circular
A promoção da economia circular está atrelada a políticas públicas que incentivam os processos relacionados à gestão de resíduos. Um exemplo são incentivos fiscais e financiamentos que possibilitam às empresas adotarem práticas sustentáveis ou criarem sistemas de logística reversa.
Multas e embargos
Entre as principais ferramentas para o cumprimento das normas de gestão de resíduos estão as multas e embargos ambientais. Conforme a legislação, é possível aplicar multas relacionadas ao descarte inadequado, não tratamento de resíduos perigosos, poluição do solo e da água por resíduos industriais, falta de licenciamento ambiental para atividades de gestão de resíduos, além do não cumprimento de normas de armazenamento e transporte de resíduos.
Já os embargos podem determinar a paralisação de atividades que não cumprem as normas estabelecidas, como por exemplo: desmatamento ilegal, manejo inadequado de resíduos, emissão descontrolada de gases de efeito estufa e contaminação de solos e águas.
Com base nisso, os responsáveis acabam sendo pressionados a adotar soluções mais eficientes e conformes com a lei.
Responsabilidade compartilhada
Outro ponto importante da PNRS está relacionado a criação de acordos de logística reversa, nos quais as empresas devem se responsabilizar pelo destino final dos produtos após o consumo. Esse tipo de legislação ajuda a garantir que os resíduos sejam coletados, reciclados ou corretamente tratados.
Incentivos fiscais
Empresas e municípios podem receber incentivos fiscais ou financiamentos para implementar sistemas de gestão de resíduos, melhorar a infraestrutura de coleta e investir em soluções sustentáveis, como usinas de compostagem e reciclagem.
Essas medidas fazem parte de políticas públicas voltadas para a sustentabilidade e o cumprimento das metas ambientais estabelecidas internacionalmente, como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
Desafios e oportunidades na implementação de programas de gestão de resíduos sólidos
O Brasil, amparado pela PNRS, tem uma grande chance de transformar os problemas da geração de resíduos, em soluções econômicas e sociais. Porém, para que isso aconteça na prática, ainda é preciso investimento e educação em diversos níveis.
Não há dúvidas de que a implementação de programas de gestão de resíduos sólidos enfrenta desafios significativos, mas traz ainda mais oportunidades para empresas e comunidades que buscam soluções mais sustentáveis.
Entre os principais desafios está a falta de infraestrutura adequada para coleta seletiva, reciclagem e tratamento de resíduos, o que frequentemente resulta no descarte inadequado e na poluição ambiental. Além disso, os custos elevados da gestão de resíduos, especialmente em logística e destinação final, são barreiras que muitas organizações enfrentam.
Outro ponto crítico é o engajamento limitado da população e das empresas, que pode dificultar o sucesso das iniciativas, aliado aos entraves regulatórios e burocráticos que tornam o processo mais complexo. Por fim, a resistência cultural e as dificuldades em promover mudanças de hábito são obstáculos que impactam a adesão a práticas mais sustentáveis.
Apesar desses desafios, as oportunidades são inúmeras. A transição para uma economia circular, por exemplo, permite transformar resíduos em recursos valiosos, como matéria-prima para novos produtos, bioenergia e biofertilizantes, reduzindo custos e gerando receita.
A inovação tecnológica também tem papel importante, com o uso de big data, IoT e inteligência artificial para otimizar o ciclo de gestão de resíduos, promovendo maior eficiência operacional e menor impacto ambiental. Além disso, a implementação de práticas sustentáveis abre portas para financiamentos e incentivos, fortalece a reputação das empresas e as torna mais competitivas no mercado. A geração de empregos verdes é outro benefício, especialmente em setores relacionados à reciclagem e tecnologias ambientais.
Nesse contexto, a Bioo oferece soluções completas para superar os desafios e aproveitar as oportunidades da gestão de resíduos sólidos. Com foco na economia circular, a Bioo transforma resíduos agroindustriais em bioprodutos valiosos, como biofertilizantes e energia limpa, por meio de processos inovadores que minimizam desperdícios e emissões de gases de efeito estufa.
A empresa utiliza tecnologias avançadas para o tratamento de resíduos, garantindo soluções 100% limpas e seguras que atendem às exigências regulatórias e contribuem para a sustentabilidade. Além disso, a Bioo trabalha lado a lado com seus clientes para implementar estratégias personalizadas que aumentam a eficiência operacional e promovem a neutralidade de carbono, mostrando que é possível enfrentar os desafios da gestão de resíduos com inovação e compromisso ambiental.
Com essas iniciativas, a Bioo não apenas resolve questões práticas relacionadas à gestão de resíduos, mas também posiciona seus parceiros como líderes em práticas sustentáveis, gerando impacto positivo para o meio ambiente e a sociedade. Isso demonstra que, com as soluções certas, é possível transformar os desafios da gestão de resíduos sólidos em oportunidades de crescimento e transformação sustentável.
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