
Como a influência do fertilizante biológico no solo pode ajudar no controle de pragas?
3 de abril de 2025Com a emergência climática exigindo respostas urgentes e a proximidade da COP30, que acontecerá em Belém em 2025, a transição para fontes de energia limpa deixou de ser uma meta de longo prazo e passou a ser uma prioridade imediata para governos, empresas e a sociedade civil. A substituição dos combustíveis fósseis por fontes renováveis é um dos pilares da agenda climática internacional e do avanço das estratégias de sustentabilidade e ESG no setor produtivo.
Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), mais de 90% da nova capacidade elétrica instalada no mundo em 2023 veio de fontes renováveis. No Brasil, esse movimento é ainda mais expressivo: 93,1% da energia gerada no país em 2023 veio de fontes renováveis, de acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
O estudo publicado em 2024 apontou como principais fontes as usinas hidrelétricas, eólicas, solares e de biomassa. Embora as hidrelétricas ainda representem cerca de 70% da produção de energia elétrica no país, há um crescimento acelerado na implantação de fazendas solares e parques eólicos, principalmente nas regiões Nordeste e Sul.
Esse cenário posiciona o Brasil como um protagonista na transição energética global, mas também revela desafios e oportunidades para diversificar a matriz elétrica e reduzir os impactos socioambientais, especialmente os associados às grandes hidrelétricas.
Neste artigo, você vai entender o que é energia limpa, conhecer seus principais tipos, descobrir as vantagens dessa transição e refletir sobre o papel do Brasil nesse processo. Também vamos destacar o potencial do biogás e da biodigestão anaeróbia, além do compromisso da Bioo com um futuro mais sustentável, limpo e descentralizado.
O que é energia limpa e por que ela é essencial na transição energética?
Energia limpa é aquela gerada com baixo ou nenhum impacto ambiental, especialmente em relação à emissão de gases de efeito estufa e à degradação dos recursos naturais. Ao contrário dos combustíveis fósseis, como o petróleo, o carvão mineral e o gás natural, as fontes limpas não liberam CO₂ ou outros poluentes atmosféricos durante sua geração. Isso contribui diretamente para a mitigação das mudanças climáticas e para a melhoria da qualidade do ar e da saúde pública.
Essas fontes de energia são, em sua maioria, também renováveis, ou seja, provenientes de recursos naturais que se regeneram continuamente, como a luz solar, o vento, a água e a biomassa. Por isso, além de limpas, são também sustentáveis no longo prazo.
Embora o uso de fontes renováveis esteja crescendo em todo o mundo, a maior parte da energia elétrica global ainda vem de combustíveis fósseis. De acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA), mais de 60% da eletricidade gerada no planeta em 2023 teve origem em carvão, petróleo e gás. A queima dessas fontes é responsável por uma parte significativa das emissões globais de CO₂ e contribui para a poluição do ar, a acidificação dos oceanos e o aumento de eventos climáticos extremos, como secas e enchentes.
Esse cenário reforça a urgência da transição energética e o papel central da energia limpa para garantir segurança climática, justiça ambiental e sustentabilidade econômica.
Quais são os tipos de energia limpa utilizadas no Brasil?
O Brasil conta com uma matriz energética majoritariamente renovável e diversa. Cada fonte de energia limpa tem um papel específico e se destaca em diferentes regiões do país, de acordo com as características geográficas, climáticas e produtivas locais. A seguir, apresentamos os principais tipos de energia limpa utilizados no Brasil, suas aplicações e onde estão mais presentes.
Biogás e biodigestão anaeróbia
O biogás é um gás natural renovável gerado a partir da decomposição de matéria orgânica, como resíduos agrícolas, dejetos animais e resíduos agroindustriais. Através da biodigestão anaeróbia, esses materiais são transformados em biocombustível limpo, que pode ser usado na geração de energia elétrica, térmica ou veicular.
No Brasil, o biogás se destaca especialmente nas regiões com forte presença agroindustrial, como o Sul e o Centro-Oeste, onde há grande produção de resíduos orgânicos da suinocultura, avicultura, cana-de-açúcar e outras cadeias produtivas.
Além de reduzir emissões de metano e dar destino adequado aos resíduos, o biogás contribui para o desenvolvimento regional e a geração de energia distribuída.
Energia Solar
A energia solar é obtida a partir da conversão da luz do sol em eletricidade, geralmente por meio de sistemas fotovoltaicos. É uma fonte abundante, silenciosa e de baixo impacto ambiental.
O Brasil possui um dos maiores índices de irradiação solar do mundo e a energia solar cresce principalmente em áreas com alto potencial de insolação. Os estados do Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste. Minas Gerais, Bahia e São Paulo lideram a geração distribuída com painéis solares instalados em residências, comércios e áreas rurais.
Energia eólica
A energia eólica utiliza a força dos ventos para movimentar turbinas que geram eletricidade. Trata-se de uma fonte limpa, confiável e com baixo custo operacional.
No Brasil, o potencial eólico é concentrado sobretudo na região Nordeste, especialmente no litoral da Bahia, do Rio Grande do Norte e do Ceará, onde os ventos são constantes e fortes. O país é hoje o sexto maior produtor de energia eólica do mundo, segundo o relatório Global Wind Report 2024, publicado pelo Global Wind Energy Council (GWEC) em abril de 2024.
Energia hidrelétrica
A energia hidrelétrica é gerada a partir da força da água em movimento, geralmente por meio de grandes usinas e reservatórios. Ela ainda representa cerca de 70% da matriz elétrica brasileira e está presente em diversas regiões do país.
As principais usinas hidrelétricas do Brasil são:
- Itaipu Binacional (PR): Localizada no Rio Paraná, na fronteira entre Brasil e Paraguai, possui capacidade instalada de 14.000 MW. É a segunda maior hidrelétrica do mundo em geração de energia e fornece cerca de 10% da energia consumida no Brasil e 80% do consumo paraguaio.
- Belo Monte (PA): Situada no Rio Xingu, no Pará, é a maior usina hidrelétrica totalmente brasileira, com capacidade instalada de 11.233 MW. Apesar de sua grande capacidade, opera com média de geração de 4.571 MW devido a restrições ambientais e sociais.
- Tucuruí (PA): Localizada no Rio Tocantins, também no Pará, possui capacidade instalada de 8.535 MW. Foi inaugurada em 1984 e é considerada uma das maiores obras de engenharia da região amazônica.
Embora renovável, a energia hidrelétrica pode causar impactos sociais e ambientais significativos, como o deslocamento de populações ribeirinhas, alterações nos ecossistemas e emissões de metano em grandes reservatórios. Um exemplo emblemático foi a construção da Usina de Belo Monte, no Pará, que gerou controvérsias nacionais e internacionais pelo impacto em comunidades indígenas e na biodiversidade do Rio Xingu.
Esses desafios reforçam a importância de diversificar a matriz energética brasileira com fontes mais limpas, descentralizadas e de menor impacto, como o biogás e a energia solar.
Quais são as vantagens da energia limpa?
A adoção de fontes de energia limpa é uma resposta concreta à crise climática e à necessidade de construir modelos energéticos mais justos e resilientes. Os benefícios vão muito além do meio ambiente: envolvem também ganhos econômicos, sociais e estratégicos para empresas, comunidades e governos.
A transição energética não é mais uma possibilidade futura. É uma questão urgente do presente, fundamental para garantir segurança climática, eficiência energética e desenvolvimento sustentável em escala local e global.
Sustentabilidade ambiental
Fontes limpas como solar, eólica, biogás e biomassa não emitem gases de efeito estufa no processo de geração, contribuindo para a redução das emissões de CO₂ e o combate às mudanças climáticas. Também evitam a contaminação do solo e da água, promovendo uma relação mais equilibrada com os recursos naturais.
Segurança energética
Diversificar a matriz elétrica com fontes renováveis reduz a dependência de combustíveis fósseis e amplia a resiliência do sistema energético. A geração distribuída, por exemplo, fortalece regiões afastadas dos grandes centros urbanos e garante maior autonomia local.
Competitividade econômica
O custo da energia limpa vem caindo ano após ano. De acordo com o Panorama das Transições Energéticas Mundiais, publicado pela IRENA (Agência Internacional para as Energias Renováveis), em países como China, Estados Unidos, Alemanha, Índia, Brasil, Espanha, Reino Unido, Austrália e África do Sul, a energia solar e a eólica já são mais baratas do que as fontes fósseis.
Além disso, sistemas de geração própria, como os painéis solares, têm ajudado famílias e empresas a reduzirem os gastos com eletricidade e a tornarem seu consumo mais eficiente e sustentável.
Geração de empregos
O setor de energias renováveis tem um grande potencial de geração de empregos qualificados e locais. Segundo o relatório Energia Renovável e Empregos, publicado pela IRENA, o mundo já contabiliza mais de 13 milhões de postos de trabalho no setor de energia limpa.
Nos últimos 10 anos, o número de empregos nessa área quase dobrou, e a tendência é de crescimento contínuo, impulsionada pelos compromissos climáticos globais e pelos investimentos públicos e privados no setor.
Contribuição para a agenda ESG
Investir em energia limpa fortalece o pilar ambiental das estratégias ESG (Environmental, Social and Governance). Empresas que priorizam fontes renováveis demonstram compromisso com a sustentabilidade, com a inovação e com a redução de impactos ao meio ambiente e às comunidades em que atuam.
Energia limpa no Brasil: avanços, desafios e oportunidades
O Brasil tem uma posição de destaque no cenário global de energia renovável. Em 2023, 93,1% da energia elétrica gerada no país veio de fontes renováveis, segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). A matriz energética brasileira é composta majoritariamente por usinas hidrelétricas, seguidas por fontes como energia eólica, solar e biomassa.
Como o Brasil se destaca na produção de energia limpa?
O Brasil tem uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo. Em 2023, 93,1% da energia elétrica gerada no país veio de fontes renováveis, segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Esse resultado é fruto de uma combinação de fatores: abundância de recursos naturais, diversidade geográfica e investimentos contínuos em infraestrutura.
Apesar dos avanços, o país ainda enfrenta desafios importantes. A geração de energia segue altamente concentrada em grandes usinas, o que impõe riscos socioambientais e limita o acesso a fontes limpas em regiões mais afastadas dos grandes centros.
Ampliar o uso de tecnologias descentralizadas, como sistemas solares e unidades de biogás, é um passo estratégico para diversificar a matriz, democratizar o acesso à energia limpa e gerar valor localmente. Nesse contexto, o biogás surge como uma solução viável, sustentável e alinhada à vocação agroindustrial de várias regiões brasileiras.