
Como a destinação correta do lixo industrial contribui para o consumo e produção sustentáveis
11 de julho de 2024
Inovações tecnológicas na gestão de resíduos sólidos industriais
25 de julho de 2024A gestão de resíduos industriais é um tema de extrema importância para a saúde pública e para a conservação de recursos naturais, como as fontes de água.
A contaminação de corpos d’água por produtos químicos, metais pesados, agrotóxicos, entre outros, contribui para o contágio de doenças, principalmente em comunidades onde o saneamento básico é precário e o tratamento desses resíduos é inexistente.
No texto a seguir, você encontra alguns casos reais de contaminação de fontes de água, as práticas corretas do gerenciamento de resíduos, bem como a importância da conscientização e da implementação de políticas públicas que garantam a segurança hídrica para a população.
Como o descarte incorreto de resíduos na água afeta a saúde pública
Além da abundância gerada, os resíduos industriais podem conter elementos tóxicos que, quando descartados incorretamente, impactam negativamente o ar, o solo, e causam desequilíbrio em ecossistemas aquáticos que alteram a qualidade da água.
Segundo o Inventário Nacional de Resíduos Sólidos, as indústrias brasileiras geraram, só em 2021, mais de 28 milhões de quilos resíduos classificados como perigosos e mais de 2 bilhões de quilos de resíduos não perigosos.
O descarte incorreto de efluentes industriais, agrícolas, do esgoto doméstico e dos chorumes provenientes da decomposição de resíduos são os maiores responsáveis pela poluição hídrica. E, por isso, merecem uma atenção especial quanto a sua gestão.
A água contaminada exige tratamentos mais complexos e caros para torná-la segura para consumo e uso diário. Em regiões com infraestrutura limitada, isso pode resultar em falta de acesso à água potável e adequada para uso doméstico.
Uma vez que o lixo contamina os corpos d’água, ele invade a cadeia alimentar de animais, inclusive de seres humanos, contribuindo para o aparecimento e proliferação de doenças contagiosas.
Exemplos de impactos negativos na saúde pública
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 88% das mortes por diarreia no mundo são causadas pelo saneamento inadequado. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que a falta de saneamento mata cerca de 11 mil pessoas por ano.
Veja abaixo exemplos reais de contaminação de fontes de água devido a resíduos industriais e os riscos para a saúde pública:
1. Poluição da Baía de Sepetiba – Rio de Janeiro
A Baía de Sepetiba tem sido contaminada por resíduos industriais há décadas. Indústrias metalúrgicas e siderúrgicas, como a Companhia Siderúrgica do Atlântico, despejam excesso de metais pesados diretamente na baía.
A presença de metais pesados na água e nos sedimentos da baía expõe a população a diversos riscos à saúde, como problemas renais, hepáticos, transtornos cognitivos e até o câncer.
2. Poluição Industrial na Bacia do Rio Iguaçu – Paraná
No Paraná, aproximadamente 80% da poluição do rio Iguaçu é oriunda de esgoto doméstico e poluição difusa, e 20% gerada por efluentes industriais, incluindo indústrias de papel e celulose, químicas e metalúrgicas. Essas indústrias despejam resíduos químicos diretamente no rio.
Comunidades ribeirinhas que dependem do rio para abastecimento de água e pesca enfrentam um risco aumentado de exposição a contaminantes, resultando em problemas de saúde a longo prazo.
Esses casos destacam a importância de uma gestão rigorosa dos resíduos industriais e a necessidade de monitoramento contínuo da qualidade da água para proteger a saúde das populações afetadas.
04 práticas corretas de gestão de resíduos industriais
Adotar práticas sustentáveis, como reaproveitamento e reciclagem, o tratamento e o descarte seguro de resíduos, são algumas medidas essenciais para preservar a qualidade da água.
Abaixo estão algumas práticas recomendadas que ajudam a evitar a contaminação dos recursos hídricos:
1. Tratamentos adequados na gestão de resíduos
Os resíduos industriais devem ser tratados antes de serem descartados no meio ambiente para remover ou neutralizar contaminantes. Isso pode incluir processos físicos, bioquímicos e térmicos.
- O tratamento físico, ou mecânico, filtra, sedimenta e centrifuga visando remover e separar partículas sólidas de vários tamanhos, os maiores exemplos de uso dessa técnica é a reciclagem;
- O tratamento bioquímico usa é feito pela ação de microorganismos vivos que se alimentam de resíduos. Nesse caso, o processo de gestão de resíduos pode ser feita na presença de oxigênio, compostagem, ou na decomposição da matéria orgânica na ausência de oxigênio, como a biodigestão;
- Já no tratamento térmico os resíduos perigosos recebem calor e mudam suas características, resultando em uma redução de volume com os processos físico-químicos.
Existem empresas que auxiliam em cada tipo de tratamento. A Bioo, por exemplo, é uma plataforma para gestão de resíduos orgânicos, principalmente resíduos agroindustriais, que usa biodigestores para gerar biogás e fertilizantes orgânicos de alta qualidade.
2. Reciclagem de resíduos industriais
A reciclagem envolve a recuperação de materiais utilizáveis a partir de resíduos, reduzindo a quantidade de resíduos que necessitam de descarte final.
A prática da reciclagem também contribui para a conservação de recursos naturais, como as fontes de água, além de proteger os corpos d’água e reduzir os riscos de contaminação.
3. Monitoramento e auditoria ambiental
O monitoramento contínuo e auditorias ambientais regulares são essenciais para garantir que as práticas de gestão de resíduos sejam seguidas corretamente.
- Monitoramento da qualidade da água: é importante realizar testes regulares da qualidade da água em corpos hídricos próximos a instalações industriais para detectar possíveis contaminações;
- Auditorias de conformidade: fazer revisões periódicas das práticas de gestão de resíduos para assegurar o cumprimento das regulamentações ambientais é também uma boa prática de gestão.
Vale ressaltar que a conscientização ambiental e a implementação de políticas rigorosas são peças-chave na mitigação dos impactos socioambientais negativos.
A educação ambiental envolve educar e informar a população, as indústrias e os governos sobre a importância de proteger o meio ambiente e adotar práticas sustentáveis.
Ainda sobre boas práticas, é preciso fortalecer regulamentações e leis que estabelecem padrões para a gestão de resíduos, proteção dos recursos hídricos e promoção do saneamento básico.
Portando, é essencial seguir as normas, e leis como a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que fomentam a importância da gestão de resíduos e da educação ambiental para todos.
Quer saber mais sobre tratamento e gestão de resíduos industriais? Leia o artigo A bioo é uma usina de compostagem? Entenda a diferença!